bad dream

HT_037_06

Todas as noites ele lembrava
E já não sabia se cabia a ele tais lembranças
Não sabia se era saudade
Sabia que tinha um vazio dentro de si
Sentia um sopro silencioso
Um silêncio aterrador
Ele lembrava mas não sabia se devia
Ele lembrava dos dias perdidos
Ele lembrava das palavras juramentadas
Ele sabia que não devia mais lembrar
Mas lembrar o trazia de volta tudo o que não mais podia ter
Trazia o que nunca tivera
Mas que jurava ter tido um dia
Ele lembrava dos dias perdidos
Ele lembrava das palavras repetidas
Das lamurias jogadas ao vento
Dos dias que viveu
Mas não viveu os dias que queria
Perdeu o que procurava
E encontrou a paz que não buscava
Encontrou a paz
E na paz suas angustias não morreram
Sua dor apenas adormece
Assim como as lembranças dos dias que viveu
Dos dias que perdeu
Do sonho
Que já não é mais meu
Nem teu.

o adágio da adaga sangrenta

O sangue escorre silencioso
E o sussurro insone some de novo
A adaga sofre ao sangrar minha pele
E o adágio da morte silva em meus ouvidos
Sinto de sobressalto a lamina gelada
Expelida pelo sangue que não escorre mais
Do silencio harmônico e modorrento
Espero que as palavras salvem
As angustias que a adaga sangrenta não me permitiu dizer
Sem pressa ou clamor
Não peço que o tempo passe
Nem que se extinga o sangue que não escorre
Espero com a paz angustiada
Que a adaga sorva o que deveria sangrar
E cure com a lentidão de amores mal vividos
As dores que somente ela sabe curar
A sina da adaga sangrenta
Se encerra sem saber
Se ela seria assassina
Ou a amiga que um coração doente necessita.