Por anos eles se viam entre encontros e desencontros
E Ela já estava cansada daqueles jogos
Lembrava-se de que Ele costumava ser outro alguém quando a encontrava
Ela percebia que Ele tentava ser alguém que não era
Ele apenas tentava ser alguém melhor para assim conquistá-La
Ela não queria o outro por qual Ele se fantasiava
Ela não se interessava por suas palavras de amor shakespearianas
Ele se cansou das tentativas e vestiu outra máscara
De “Galante Apaixonado”
Passou então a ser “O Insensível”
E Ela não entendia o porquê daquelas palavras agressivas
Ela deixou de perceber que Ele ainda usava uma máscara
E começou a acreditar que o real que Ela amava realmente não existia
Se afastaram então
E Ela sentia a falta do bendito mascarado
Sentia falta dos benditos galanteios
E principalmente daquelas juras de amor
Ela tentou uma aproximação
E deixou suspenso no ar a duvida de um amor secreto
Mais que depressa “O Insensível” trocou sua máscara
E tornou-se “O Desentendido”
Pensou que, talvez se, se fizesse de sonso
Ela escancararia seu coração
E permitiria que ele enfim fosse seu
Ela se envergonhou por sua tentativa vã de uma reaproximação
E concluiu que de fato não perderia o bom senso por tal mascarado
Resolveu esquecê-Lo e tentou apagá-Lo de sua memória
Ele já por desespero, quando se viu sozinho e ignorado, chorou
E tais lágrimas lavaram seu rosto mascarado
Decidiu que já não seria mais ninguém
A não ser Ele mesmo
Resolveu então que mostraria a Ela seu rosto lavado
E lhe entregaria em mãos todas as máscaras que já havia vestido
E arrancaria do próprio peito o coração
Se soubesse que ali se encontrava sua face verdadeira
E assim o fez quando viu que de fato Ela começara a esquecê-Lo
E abriu-se para tentar encontrar a si mesmo
Descobrindo dentro dele então todos aqueles por quem se havia passado
Sem reparar que assim já não viveria mais
Para poder entregar-se a Ela
Sem reparar que assim jamais a teria
Por fim Ela viu a face do mentiroso então
Descoberta de suas tantas máscaras
E finalmente permitiu-se amá-Lo.